por Mauro Cassane
Na estrada, ele chama atenção. Da cabina, você pode ver os outros caminhões por um ângulo um pouco mais solene: por cima. A versão completona que avaliamos do Actros 2646 LS 6×4 tem 3,483 metros de altura. São quatro degraus para se acomodar lá em cima, no cockpit do motorista. E o termo se acomodar é levado a sério: Sentado a um banco que poderia ser chamado de poltrona, tudo se ajusta para propiciar uma condução perfeita.
Na estrada, ele chama atenção. Da cabina, você pode ver os outros caminhões por um ângulo um pouco mais solene: por cima. A versão completona que avaliamos do Actros 2646 LS 6×4 tem 3,483 metros de altura. São quatro degraus para se acomodar lá em cima, no cockpit do motorista. E o termo se acomodar é levado a sério: Sentado a um banco que poderia ser chamado de poltrona, tudo se ajusta para propiciar uma condução perfeita.
É um caminhão top de linha. A própria Mercedes-Benz o recomenda a transportadores “altamente profissionalizados, que focam a produtividade e valorizam a tecnologia, conforto, segurança e potência, além da economia de combustível”.
A faixa de preço, por volta de R$ 500.000,00, também posiciona este produto especificamente para grandes empresas de transporte. Por um pouco mais da metade deste valor é até possível comprar um pesadão que faça o mesmo serviço, mas que está a anos-luz de oferecer os mesmos recursos.
É, sem dúvida, um veículo para quem precisa oferecer muito mais do que simplesmente transportar mercadorias de um ponto a outro. E há aí um nicho de mercado que todas as fabricantes nacionais estão de olho.
Para o transportador que quer prestar serviços a grandes empresas geradoras de carga itens como mais segurança, mais eficiência, mais conforto e, acima de tudo, rentabilidade, são considerados. E, para atender a estas demandas, não dá para economizar em tecnologia.
O Actros, que ainda é importado, mas ano que vem começa a ser produzido no Brasil na fábrica que a Mercedes-Benz já tem em Juíz de Fora/MG, encontra seus concorrentes diretos em modelos oferecidos pela Iveco, Scania e Volvo. Já anunciado, ano que vem chegam também os modelos top da MAN e vai ser, por certo, briga de gigantes.
Grosso modo, estão todos no mesmo patamar, tanto quando se fala de preço quanto de tecnologia, mas é ao volante que se pode detectar algumas distinções e vantagens. Nesta nossa primeira avaliação, embora conheçamos os concorrentes diretos, não faremos comparações.
Outro ponto que julgamos não ser sensato aferir é o consumo. As variantes são tantas que não vale a pena apurar. Tudo pode interferir: o jeito de conduzir, a temperatura, as intempéries, a topografia, condições da estrada, de tráfego, etc. Definitivamente, qualquer medição de consumo feita é suspeita e sujeita a contestações. Portanto, deixamos de fora.
Um pesadão com um motor com 456 cavalos de potência e mais de 40 toneladas nas costas pode fazer desde 1,5 até quase 3 quilômetros com um litro de diesel. Tudo vai depender dos fatores acima.
O câmbio automatizado do Actros leva a marca Mercedes-Benz, MB G 330-12 – a última dezena indica que há uma dúzia de velocidades disponíveis. As últimas são bem mais longas, ideais para velocidade de cruzeiro. Além da comodidade para o motorista, pode apostar, a tocada fica bem mais econômica.
Item que chama atenção logo de cara nesta nave da Mercedes-Benz é o botão no painel que impede que o caminhão dê aquela indesejável volta para trás em rampas. Acionado, você tira o pé do freio e pisa tranquilamente no acelerador botando o caminhão em movimento. Para motoristas desatentos isso não é luxo, é segurança.
Avaliamos o Actros com uma composição bitrem da Noma com lastro de 44 toneladas. E traçamos um roteiro onde foi possível fazer uso dos recursos, muitos aliás, do caminhão. Pegamos a rodovia Anchieta no Km 15, rumo a Santos/SP, descemos a Serra do Mar e, já na Baixada, seguimos pela Via Expresso Sul (antiga Rodovia Pedro Taques) até o município de Itanhaém, num trajeto total, ida e volta, de 320 quilômetros.
Na larga e segura Anchieta avaliamos à exaustão o piloto automático e o sensor de presença que fica posicionado bem no meio do parachoque dianteiro. Com um toque sutil na alavanca direita (onde se pode controlar diversas outras funções do caminhão) o piloto automático é acionado. O display no painel indica que está ativado e você pode escolher, também tocando um botão da alavanca direita, que velocidade quer que o caminhão siga, e se mantenha, durante parte do trajeto.
Funciona bem e as informações que aparecem no display são claras e amigáveis. O sensor de presença pode ser ajustado para qual distância do veículo da frente você prefere manter por considerar segura. Testamos com dez, vinte e trinta metros. Funcionou perfeitamente.
Resolvemos, com distância ajustada de apenas dez metros, acelerar o caminhão a 80 km/h na terceira faixa e depois voltar para a faixa da direita logo atrás de um Uno que certamente trafegava a uns 60 km/h. Nesta situação, sem que tocássemos no freio, o sensor freou o caminhão e instantaneamente o botou na mesma velocidade do Uno (respeitando a distância estipulada).
Tudo tão rápido, e eficiente, que nem deu tempo para o motorista do Uno se assustar com o caminhão gigante crescendo em seu retrovisor. A dez metros a composição toda respeitou a velocidade do pequeno carro à frente e não fez aquela aproximação ameaçadora, muito comum, aliás, nas estradas brasileiras. Tudo isto, é preciso destacar, sem que o motorista precisasse fazer nada além de tão somente tomar conta do volante.
Para mudar de faixa, caso se esqueça de dar a seta indicando a manobra, um sensor dá o alerta sonoro. Um tanto escandaloso, eu diria. É uma precaução técnica para o caso de algum cochilo, mas funciona bem como educador de trânsito também.
Com piloto automático, sensor de aproximação, sensor que adverte mudança de faixa sem sinalização, sensor que aciona o parabrisa em caso de chuva e liga automaticamente os faróis, sensor que mantém a cabina climatizada com o caminhão desligado, cabina com piso plano, câmbio automatizado e computador de bordo, o Actros surpreende e foge, tecnicamente, do lugar-comum.
Todo mimo tecnológico tem suas funções ligadas à segurança e à comodidade, mas essencialmente permite que o condutor se atenha à sua tarefa primordial: concentração total no ato de dirigir.
Neste ato, mais do que acelerar, que ganhar tempo, é fundamental que o caminhão consiga diminuir a velocidade com eficiência, e melhor ainda se o fizer poupando os discos de freio.
Se o caso exigir freadas emergenciais, os freios ABS e o sistema ASR (controle de tração das rodas) conseguem estancar a composição inteira (vá lá, bom motorista também chama a alavanca de freio da carreta em condições extremas de frenagem).
Mas, em situações normais, como a descida da Serra do Mar, não carece utilização do disco de freio, nem tocamos no pedal, a composição toda vai sendo controlada, ladeira abaixo, pelo freio-motor Top Brake no primeiro estágio da alavanca direita (aquela que faz quase tudo) e, para segurar ainda mais, basta baixar mais um estágio da mesma alavanca que o retardador da Voith entra em ação colocando uma cavalaria de força contrária.
Foto: Mauro Cassane
Fonte: Brasil Caminhoneiro > Amo caminhões
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